Biosofia nº 3

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Editorial

ESOTERISMO

Somente passaram seis meses desde o Editorial do 1o número da Biosofia mas julgamos oportuno reproduzir uma pequena parte do que então escrevemos:

“A entidade que se responsabiliza pela edição desta revista – o Centro Lusitano de Unificação Cultural – tem um fundamento filosófico-científico de matriz esotérica, que nunca deixou de assumir. Muito ao contrário do que, por vezes, se pensa (?), o Esoterismo – o verdadeiro esoterismo – nada tem que ver com superstições, crendices e fenómenos milagreiros, posturas que (juntamente com as do fanatismo, do sectarismo e da intolerância) coloca entre os grandes obstáculos à maturação evolutiva do Homem e ao crescimento para uma consciência mais ampla e mais livre. (…)

Entende o espírito e a matéria como os dois pólos (ou o pai e a mãe, de cuja relação nasce a consciência individual) da Vida universal que os sintetiza e, por isso, sustenta a possibilidade de uma (cons)Ciência do Espírito ou Ciência Esotérica – incidente sobre o mundo interno de causas, valores e significados – da mesma forma como se considera possível uma Ciência da Matéria – o mundo externo dos efeitos fenoménicos, dos objectos e significantes. (…) Na verdade, o espiritualismo não é – não deve ser – um terreno onde toda e qualquer afirmação possa ter validade, onde, entre a fantasia ou o sensacionalismo e a realidade, não existam critérios de distinção e de valia. Os mundos suprafísicos, como o plano físico (afinal, o Universo inteiro), são regidos por leis que podemos chegar a conhecer e, com base nesse conhecimento e nessa compreensão, podemos então aferir a validade (ou não) de cada afirmação – à luz da ciência”.

Alturas existem em que um conceito ou um entendimento pode clarificar-se com mais nitidez dizendo o que não é do que (simplesmente) expressando o que é. Por isso, numa questão sobremaneira importante para nós, e atendendo às muitas conotações erróneas ou equivocadas que hoje se associam à palavra “esoterismo” (chegando, sem mais, a identificá-lo com o que seja estranho ou incompreensível), procuraremos acrescentar e enfatizar alguns esclarecimentos pela negativa.

Se o Esoterismo é – se o Esoterismo fosse – o negócio dos videntes, dos cartomantes e dos vendedores de ilusões douradas (só acessíveis a quem os conhecesse e lhes pagasse) ou de desgraças tenebrosas (a que só escapariam os que acreditam neles) – por favor, não restem dúvidas de que estamos contra.

Se o Esoterismo é – se o Esoterismo fosse – o campeonato do sensacionalismo, da charlatanice, do insólito, da bizarria ou até da negritude de modos, gestos, rituais, poses, vestes e teatralismos que alguns pretendem fazer supor que é – por favor, risquem-nos da lista.

Se o Esoterismo é – se o Esoterismo fosse – os enredos das novelas iniciáticas ou de mistério, em que alguns se publicitam como heróis (do absurdo e da vacuidade) e, assentes em gigantescas campanhas de marketing (que criam best-sellers antes mesmo de os livros existirem), escrevem livros por encomenda, a metro e ao quilo, gerando rios de lucro – por favor, faça-se-nos a justiça de reconhecer que nada temos a ver com isso.

Se o Esoterismo é – se o Esoterismo fosse – as puerilidades dos que se expõem aos media ignorantes (ou sem critério, ou ávidos de baixa comédia), para desfiarem meia-dúzia de vergonhas e, ao serem apresentados como representantes dos meios esotéricos, o cobrirem, sem escrúpulo nem consciência, de desprestígio e ridículo (sob a tutela e o olhar de troça complacente dos representantes da cultura religioso-científico-político-intelectual vigente) – por favor, registe-se que é outra a nossa bandeira.

Se o Esoterismo é – se o Esoterismo fosse – mais um meio de alienação ou de autocentramento, de busca de “graças pessoais” e egoístas, de ladaínhas e medalhinhas, de indiferença ou insensibilidade aos problemas e à imensa dor do mundo; se é – ou fosse – um conjunto de atitudes (do género de histerias com eclipses e palpites à Paco Rabanne) que acabem por dar razão aos lugares comuns sociológicos sobre “a crise de valores das sociedades em mutação, sobretudo nos espaços suburbanos e desumanizados” e sobre os “receios do fim do mundo com a aproximação do ano 2000, porque as avós diziam-que-se-dizia que a 2000 chegarás, de 2000 não passarás, e nos momentos de crise essas memórias emergem do subconsciente” – por favor, não contem connosco para o alimentar.

Se o Esoterismo é – se o Esoterismo fosse – uma infracultura, uma abdicação (em vez de um ir mais além) da racionalidade, um arrazoado de proclamações de supostos gurús e sapientíssimos embaixadores de estrelas distantes que viriam até nós dizer vulgaridades ou disparates que fariam corar de vergonha qualquer adolescente de mediana sensatez ou inteligência; se é – ou fosse – as referências às frotas de naves intergalácticas (transportando homens com oitenta quilómetros de altura!!!) estacionadas em frente da janela duma casa num bairro qualquer, enfim, o pisotear de qualquer sentido de uma ordem universal e sua compreensão sob a forma de leis – por favor, tome-se nota de que ninguém se lamenta e choca mais do que nós.

Mas se – como sustentamos – o Esoterismo, na sua prístina pureza, é uma Cultura muito mais ampla do que a Cultura (?) comum; um conjunto sistemático e coerente de princípios e de valores mais abarcantes; uma Sabedoria Universal que integra, fundamenta e sintetiza as múltiplas expressões científicas, filosóficas, religiosas, éticas e, mesmo, estéticas; um alforge de compreensão e de soluções para todos os sectores da actividade, do esforço e do conhecimento da Humanidade, nenhum desses sectores havendo em que, ao mais alto nível, não possa demonstrar a superioridade ou, pelo menos, o bem fundamentado das suas teses; um casamento equilibrado entre a inteligência e a compaixão, entre a sabedoria e o amor, entre a lucidez e o sonho construtivo, entre o divino e o humano – então, aqui está o Centro Lusitano de Unificação Cultural e a sua Biosofia para ajudar a evidenciar que assim é. E para colaborar, de braços abertos, mas sem devaneios inconsequentes, com todos aqueles que – na Educação, na Arte, na Ciência, na Política, na Psicologia e na Filosofia, na resolução das questões económicas, no labor filantrópico, na prevenção e denúncia do racismo e da xenofobia – estão dispostos a trabalhar por um mundo melhor.

José Manuel Anacleto
Presidente do Centro Lusitano de Unificação Cultural

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